segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Símbolos de superação, deficientes físicos roubam a cena na MegaRampa

Biamputado, skatista brasileiro Ítalo Romano e americano Aaron "Wheelz", primeiro a realizar o backflip numa cadeira de rodas, são atrações no Rio

Por Ana Carolina Fontes 
Rio de Janeiro


Exemplos de superação e amor pelo esporte, o brasileiro Ítalo Romano e o Americano Aaron Fotheringham, conhecido como "Wheelz". Eles venceram as dificuldades que a vida e o medo para encarar a MegaRampa. Ítalo, de 22 anos, é biamputado por conta de um atropelamento e Aaron, de 20 anos, tem um defeito congênito (espinha bífida) e é paralítico desde que nasceu. Enquanto o primeiro desafiou a MegaRampa de skate, mesmo sem as pernas, o segundo encarou a pista gigante numa cadeira de rodas.

Wheelz cadeirante megarampa (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Wheelz começou a andar de skate quando tinha oito anos de idade (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
 
Quando tinha apenas 11 anos, Ítalo tentava pegar em um trem quando foi atropelado e perdeu as duas pernas. Um ano depois, o brasileiro viu no skate uma possibilidade de uma mudança radical em sua vida. Além de um meio de transporte, viu na modalidade a chance de vencer obstáculos e descobrir novos caminhos. Após ter sua primeira experiência na megarrampa na casa de Bob Burnquist, onde participou do programa Caldeirão do Huck, ele se animou a enfrentar o desafio num evento aberto. Especialista no street, o skatista também gosta de jogar vôlei.

- Meu sonho é me tornar um ícone do street e meu objetivo de vida é transmitir força e alegria a todas as pessoas. Sempre gostei de andar de skate, eu pegava emprestado dos amigos e depois acabei ganhando um de presente. Adoro pular em rampas e andar em alta velocidade. Fiquei um pouco preocupado com o vento, a megarrampa dá um certo medo, mas deu tudo certo.

Aaron também ficou assustado com o tamanho da estrutura, de 112m de comprimento e 27m de altura, o equivalente a um prédio de nove andares. Primeiro a realizar o backflip em uma cadeira de rodas, ele consegue manobras quase impossíveis para uma pessoa com a sua condição, como o duplo mortal para frente.
Eu sempre vivi em uma cadeira de rodas. Aos oito anos, comecei a andar de skate e hoje eu não quero saber de outra coisa."
Wheelz
- Eu sempre vivi em uma cadeira de rodas. Aos oito anos, comecei a andar de skate e hoje eu não quero saber de outra coisa. A sensação de descer rampas é a melhor do mundo, mas você precisa respeitar o monstro. Estive na casa no Bob outro dia, mas a experiência não foi muito boa. Quebrei os dentes na primeira tentativa e, na segunda, acabei quebrando a cadeira de rodas. Voltei para casa na vontade e estou feliz de mostrar as minhas manobras aqui no Brasil. Quero motivar aqueles que passam pela mesma situação que eu.

Logo que nasceu, o americano foi diagnosticado com espinha bífida, uma das lesões mais comuns da medula espinhal, podendo ocorrer em toda a extensão da coluna, já que não há proteção óssea. Geralmente, a espinha bífida vem acompanhada de outros problemas, como malformações de origem paralítica e congênita, atrofia muscular, paralisia flácida, hidrocefalia, diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos e outros. No Brasil, a incidência é estimada em um a cada mil recém-nascidos.

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