segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Após quarto título seguido, Bob Burnquist afirma: ‘Posso morrer feliz’

Rei da MegaRampa fala sobre os tombos, revela que sente medo de descer rampas gigantes e diz que é a hora do Brasil descobrir novos talentos

Por Ana Carolina Fontes 
Rio de Janeiro


Após dar um show no primeiro dia da MegaRampa, Bob Burnquist mostrou por que está no topo do skate mundial. Neste domingo, o brasileiro radicado nos Estados Unidos radicalizou nas manobras e confirmou a hegemonia do evento ao conquistar o quarto título seguido, desta vez no Sambódromo do Rio de Janeiro. Maior skatista do país de todos os tempos, Bob "inventou" um jeito novo de andar de skate, com as bases dos pés trocadas, ou seja, se ele anda com o pé direito na frente, inverte e usa o esquerdo (o chamado switch).
- Eu acredito no inacreditável. De alguma forma, no decorrer dos anos, isso traduziu um jeito brasileiro de praticar o esporte. Eu sou brasileiro e não desisto nunca. Vencer a Mega pela quarta vez é maravilhoso. Moro nos Estados Unidos, mas sou carioca e disputar um evento desse porte na minha terra é muito bom. Agora posso morrer feliz - afirmou o skatista.
Bob, Mega Rampa, Rio de Janeiro (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Apesar do currículo vitorioso, Bob admitiu que também sente medo (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
No primeiro dia do evento mais radical da modalidade, o craque deu um susto ao sofrer uma queda na última rampa. Ele saiu mancando da pista, religou a batata da perna com a ajuda dos médicos e pôde voltar a competir. Recentemente, Bob também assustou o público nos treinos da prova de Big Air dos X-Games. O skatista que sempre pareceu imune a tombos, com uma agilidade e um conhecimento de rampas que costumam lhe tirar de contratempos, caiu de uma altura de pelo menos dois metros e precisou ficar oito horas em uma cadeira de rodas.
A recuperação, no entanto, foi rápida. Com uma técnica avançada, ele curou em três dias o que demoraria cerca de duas semanas.

- Já levei muito tombo nessa vida. Às vezes, as pessoas acham que só porque eu tenho uma megarrampa em casa, não sinto medo e nem pressão. Toda a vez que eu estou lá em cima, só desejo sair vivo, não gosto de adrenalina como muitos pensam. O meu tombo nos X-Games doeu muito. Tive uma lesão no calcanhar que eu ainda estou sentindo, e fiquei com “bunda de acaí” depois da queda – comentou a fera das rampas gigantes.
Idealizador e tetracampeão da MegaRampa, o carioca destacou o alto nível da competição, realizada pela primeira vez em sua terra natal. Bob aproveitou para comemorar a inauguração da pista de skate de Madureira, na última sexta-feira. Segundo ele, essa pode ser a chance de descobrir novos talentos no país.
- O nível este ano foi impressionante, o Brasil nunca teve uma disputa com tanta qualidade como essa. A nova geração de americanos está andando muito, eles já nasceram em uma outra realidade, dar 900o parece algo normal, mas é muito difícil. Fiquei muito feliz por conhecer a pista de Madureira, quem sabe daqui a alguns anos o nosso país não vê uma geração como essa arrebentando nas competições pelo mundo. Os moradores do subúrbio serão os milionários, com essa pista pertinho de casa.
Apesar de sentir realizado na carreira, ele ainda quer quebrar alguns recordes mundiais no Brasil. Um dos projetos seria um plano ousado: um salto de um ponto fixo para uma rampa, com uma altura de 100 pés, cerca de 30m.

- Estou pensando em saltar de um helicóptero, como se tivesse de paraquedas, mas só com o meu skate. Queria fazer isso até o fim do ano, mas é um projeto complexo e estamos trabalhando nisso – finalizou.

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