segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Hiucif Rahim no Brasil


Como e porque começou a trabalhar no ofício de shaper?
Comecei a surfar em Santos no ano de 74, não tinhamos dinheiro eu e meus amigos, então comecei fazer shapes pra mim e meus amigos no ano de 75, na garagem da minha casa, vivia com meu pai no bairro do macuco.

Quanto tempo leva shapeando e mais ou menos quantas pranchas já fez?
Dificil saber exato o número de pranchas, quase todo ano faço uma media de 300 a 400 pranchas, sou mau de matemática mais.... 300 pranchas vezes 35 anos de trabalho da um montão de pranchas.

Antes de vir pra Europa você shapeava no Brasil? Aonde trabalhava e porque resolveu sai da terrinha?
Antes de começar uma marca que se chamou HARMONIA, trabalhei com Jhony Rice, no Guaruja, o careca é shaper até hoje da Shine Surfboards. Sai do Brasil porque estava desmotivado, tinha conseguido ser o shaper várias vezes dos campeões paulistas (Tinguinha Lima, Paulo Kid, Jojo Oolivença, Picuruta Salazar e bi-campeão brasileiro com Jojo Olivença) necesitava aprender mais e tinha acabado de ganhar o Hang Loose com um surfista da california (Joey Jankins) tinha vários surfistas do ‘tour’ na época que queriam meus shapes e eu queria shapear na Europa Hawaii, Austrália etc.....

Você no Brasil trabalhou com o Jojo de Olivença que na época foi campeão brasileiro usando tuas pranchas, teve alguma repercussão no teu trabalho? E quem mais surfou com tuas pranchas nesta época?
Foi uma época maravilhosa, Jojo foi campeão paulista, brasileiro e depois bi-brasileiro foram 4 anos trabalhando juntos e ele entrou no ‘WT’ também com meus shapes por isso também queria sair do ‘braza’, Jojo foi fundamental para minha evolução como shaper, também fiz pranchas pro Bartom Linch (uma vez o cara me chamou e veio me visitar no macuco imagina um campeão mundial de surf no bairro do macuco foi show, também comecei fazer shapes pro Munga Barry, Shane Powel, japonezes bons, Kaipo Jaquias do Hawaii, depois Guilherme Herdy, Peterson Rosa, Fabio Gouveia, Leo Neves, fiz uma até pro Kelly Slater e outros......era um pouco loco o momento parecia que era o Al Merrick ah ah ah bons tempos.....

Aqui na Europa você escolheu a Espanha e mais precisamente Asturias para se instalar com a família, Porque e como foi tua chegada ?
Nao estava pensando na Espanha, mas tava num campeonato brasilero com o Picuruta que tava competindo com um shape meu, e ele me apresentou um cara que tinha uma fábrica nas Asturias ele me convidou pra vir (Gustavo “veío” Mariante - o único que sabia era da praia das Asturias onde surfava com meus amigos no Guaruja) não gostava nada da idéia, queria ir pro Hawaiii, fiz umas pranchas pro Gustavo trazer para os caras da sua equipe. Ele veio e os caras arrebentaram no circuito Europeu, entao ele me chamou da Espanha falando e eu decidi vir no ano de 1994. Cheguei e os surfistas queriam meus shapes, fiz muitas pranchas em 94 umas 80 na Espanha e outras 50 na França trabalhei 40 dias em cada país (fiquei 3 meses e voltei pro ‘braza’) ai ,fui ao Hawaii e no outro ano voltei as Asturias.

Asturias comparada com outras regiões da Espanha e uma das mais atrasadas a nivel de surf e com menos praticantes, apesar de contar com uma extensa costa e boas ondas. O que falta para que esta região chegue a ser como o país basco por exemplo.

Nas Asturias , têm muitos surfistas que querem só se divertir, não pensam em ‘reentrys aereos’ e ser radical, a única coisa que querem e remar, relaxar sem pensar em nada, não estão interesados em serem competitivos, alguns não gostam do surf radical, gostam de estilo e deslizar suavemente em uma onda, alguns estãoo começando a serem competitivos, tudo será uma questão de tempo, existe espaço para todo tipo de surfista e isso temos que respeitar.
Aqui na Europa, como esta o mercado atual de pranchas de surf?
Têm trabalho o surf está crecendo, mais o único mau e que está entrando muita prancha barata, da Asia e tambem feitas na Europa.

Sabemos que os chineses estão invadindo o mercado com pranchas baratas, esta influenciando de alguma maneira o mercado Europeu?
É só uma questãoo de matemáticas, na Europa e muito caro produzir e o sistema Europeu é caro, na Asia os preços sao outros, entendo que todos temos que sobreviver, eu ja tive convite pra produzir no Vietnam e não quiz ir, talvez eu seja muito purista no trabalho com as pranchas, os shapes famosos da América e Australia também foram.

O que você acha dos novos materiais atuais como a resina de epoxy os novos blocos e as maquinas de pre shape?
Epoxy não e novo, trabalhei no Brasil antes com algumas epoxy (isopor) aqui na Europa aprendi muito mais da flexibilidade e hidrodinamica do epoxy, fui o primeiro aqui na Espanha a fazer pranchas epoxy, ja fiz algumas também com o material ‘Keahana’ do Brasil que na verdade ta muito bom. Novos blocos não tem nada novo, somente temos pranchas sem longarina, prancha com carbono na borda, parabolic (longarina nas bordas) todos estão tentando fazer materiais mais ecologicos. Maquinas de shape veio pra ajudar os shapes e verdade, mas também ajuda gente boa de programas de shape que nao tem idéia de hidrodinamica fazer pranchas bonitinhas.

Sei que vários profissionais já surfaram com tuas pranchas, quem foram e como você chegou ate eles e que influência têm no teu trabalho?
Eu sempre gostei de surfar e também competia no Brasil, com o Daniks Fisher e outros que passaram pela minha equipe, gostava e sigo gostando de aprender, nunca penso de mim mesmo que sei muito e acabou sendo natural, por exemplo....conheci Kelly no Rio de Janeiro (alternativa) depois vi o cara várias vezes no Hawaii, Australia, França, Portugal e conversavamos de coisas normais como surf a vida, Deus e ele via as pranchas do Jojo, Munga, Bartom, shane powell e um dia pensei vou fazer uma pra ele só pra saber como esta meu shape, eu nao pensava.... nossaaaa...... o cara e o reiiiiiii, so pensava em aprender mais, e seria bom o seu ‘feedback’, penso que os pros sabiam que eu só queria trabalhar e não tava nem ai com a fama deles.

Fora Europa e Brasil onde mais trabalhou e trabalha atualmente?
Trabalhei no Hawaii com Jhon Carper e Denis Pang, também fazia minhas pranchas lá na Australia quando o Paul Canning da Africa do Sul era da minha equipe….trabalhei com o Gary Linden, também vou a Costa Rica shapear e mês passado tive no Marrocos vendo com uma fábrica lá pra fazer shapes (Gosto muito da Africa).

Na Europa tem muitos brasileiros trabalhando com pranchas mais não são tão valorados como os gringos, apesar de serem tão bons ou melhores que muitos, porque tanto os Europeus como os próprios brasileiros têm essa tendência em valorizar mais aos Americanos e Australianos?
Penso que é um fenomeno latino, o latino parece que pensa que falar em inglês e melhor (talvez por escutar muita música inglesa) também a tradição pesa muito, na Califórnia os caras começaram a surfar muito antes e no Hawaii também. Trabalhei com gente do mundo ‘anglosacsom’ e os caras sao muito profissionais, Surfer Magazine esta na Califórnia e é líder mundial em vendas de revista de surf, na America o cara ganha uma vez e vão falar toda vida, no Brasil o cara ganha 10 vezes e o povo esquece rápido, Gilberto Gil disse uma vez “O Brasil paga muito mal seus artistas.”

Como vai a industria de pranchas espanhola comparado com o brasileiro? Sei que o brasileiro e muito maior mais o espanhol cresceu muito estes últimos anos, da pra viver de um mercado tão reduzido?
Fazer prancha e viver delas e difícil em qualquer lugar, o mercado do Hawaii também ta afetado pela crises, e o da Califórnia e Austrália também. Têm muita prancha em todo lugar. Afinal creio que shapear deve ser coisa que esta no sangue (ja entrou po de poliuretano nas nossas veias, sei la o que) nos os shapers amamos muito nosso trabalho e na verdade ainda que precisamos do dinheiro não trabalhamos só para ganhar mais, trabalhamos porque amamos isso. O mercado Espanhol vai crescer cada vez mais e os surfistas estão começando a aprender que, encomendar uma prancha tem muitas vantagens.

E a França comparada com a Espanha, qual são as diferenças a nível de pranchas?
No inverno se usa mais volume porque se usa long jhon 4/3, pra Hossegor se necesita um poco mais de ‘rocker’ e bordas mais finas pros tubos dos ‘beachs breaks’, e algumas praias como Guetary se necesita muito volume e pranchas grandes, acabo de shapear uma 9´0´´ para ondas bastantes grandes, não vejo grandes diferenças nas pranchas pra ondas da Espanha e França, aqui tem muita onda boa no inverno e posso fazer as ‘guns’ que na verdade adoro shapea-las, eu penso que as pranchas são pessoais, cada surfista necesita sua prancha, adaptada para ele, de acordo ao seu biotipo, peso, nivel de surf, tipo de onda a ser surfada, não existe essa idéia que a prancha do campeão serve pra qualquer um.

E como você ve o futuro do shaper artesão com a invasão das máquinas e dos chineses?
Penso que um bom shaper veterano sempre vai ter vantagem na hora da verdade e sempre vai existir porque aprendeu com as dificuldades, eu trabalho com as máquinas de shape e gosto, afinal é positivo para todos, os chineses estavam tranquilos, os empresarios da America, Australia e Europa foram os que começaram a fabricar pranchas no mercado asiatico por ser mais econômico e ter mais lucratividade, afinal é culpa de todos, não vejo o chinês como culpadode nada.

Uma última parece que você ira em breve ao Brasil fazer umas pranchas! Fale um pouco onde estará quanto tempo e se alguém esta interessado em adquirir uma de tuas pranchas como terá que fazer?

Penso em ir em janeiro por motivos familiares e estarei por um mês, estou falando com algumas fábricas, mas não tenho ainda nada definido, se alguém quer me contactar o site e www.hrsurfboards.com , na verdade tenho muito desejo de shapear no Brasil, estarei em Santos, desta vez na ponta da praia não no bairro do coração, o macuco ah ah ah ahhhh.......

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