segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Entrevista com Pérola de Souza

Pérola de Souza, 34 anos, sendo 20 de bodyboard, atual lider do circuito Paranaense profissional(...e muitos títulos na bagagem),professora de Yoga á 7 anos,coordenadora da Escola de Bodyboard Pérola de Souza,presidente da associação dos bodyboarders profissionais do Paraná,palestrante sobre Qualidade de Vida e(...enfim!!!)uma das maiores incentivadoras do bodyboard no Paraná,um dia antes de embarcar p/ Venezuela onde disputará uma das etapas do mundial de bodyboard ,nos fala um pouco de seus caminhos...

O que representa a escola de bodyboard Perola de Souza na sua vida e como está atualmente?
Pérola- Em aspecto pessoal, foi através da escola que eu aprendi realmente a surfar (risos), porque quando a gente está ensinando é que aprende. Aprendi outras lições mais importantes também, como amizade, solidariedade, disciplina, superação, porque também tenho que ensinar estas coisas o tempo todo. Não é fácil lidar com seres humanos, ainda mais aqueles que estão carentes de rango, carinho, educação, etc. Mas eu aprendi que não podemos julgar ninguém, por pior que pareça. O pessoal com que eu trabalho na praia, só precisa de um pouco mais de carinho e atenção. Pensando desta forma, temos excelentes atletas. Foram 26 troféus para a nossa escola no último paranaense...

No momento, estou descansando um pouco, competindo, cuidando um pouco mais da minha vida pessoal, na verdade, me reabastecendo para continuar o projeto social através da escola porque estou um pouco decepcionada com as pessoas que cuidam do nosso litoral.

Não sei se vou trabalhar neste verão, se for, vai ser só com a equipe de competição e em lugares onde a água esteja limpa. Estou muito decepcionada com a sujeira da água. O que eu vou falar aqui pode comprometer o projeto, mas na verdade, não quero expor ninguém mais na água suja, que vem sendo mascarada com megas estruturas na beira e uma barraquinha bem pequena no IAP, avisando que tem mer...(pii) no mar. Os 45 dias que trabalhamos no verão, foram 45 dias de barraca vermelha do Iap, não tivemos nenhum dia de barraca azul. Nossos instrutores ficaram doentes, muita gente pegou otite bacteriana por causa de coniformes fecais. Então, não quero ser responsável em expor nossos alunos e nossos instrutores nestas condições. Não tem previsão para isto melhorar, por isso não tenho como saber o que vou fazer agora também. Só não quero mais ser conivente com isso. Desculpa o desabafo...ufa!

Nos fale um pouco do seu momento como atleta...
Pérola-Pois é, quando eu achava que era de parar, passou a ser a hora de começar...Acho que o Yoga abriu muito minha mente, tenho outra visão das ondas, das manobras e da competição. Voltei a competir no Rio, este ano, e passei todas as minhas baterias em primeiro até a semi. Só não fui adiante porque não acreditava!!! Sempre achei isso muito distante. Mas tenho mais força, flexibilidade, concentração, técnica e experiência do que 10 anos atrás. Meus filhos estão maiores, me permitindo fazer viagens mais longas agora. Tenho mais coragem também para manobrar em ondas grandes. Minha última experiência nisso foi em São Conrado, no Rio de Janeiro, onde mandei um el rollo na maior onda no seco que já vi na vida, fechei o olho e fui com tudo, voltei na frente, na cara da galera, estacionando na beira, eu pensei que ia me quebrar e pensei num relâmpago: “quem vai dar minhas aulas de Yoga”. Quando eu voltei, não acreditei!!! Passei a bateria em primeiro e passei a acreditar mais em mim...agora, to indo pra Venezuela...com fé...sem expectativa, mas muito a fim de ter um bom resultado lá!

Acompanhamos sua luta pelo desenvolvimento do bodyboard , como vc ve o bb Paranaense hoje?
Pérola-Como todo o esporte no Brasil, fora o futebol masculino, o bb é esporte que sofre com a falta de patrocínio. Nós temos um ótimo presidente que é o Fano, mas temos lojistas que vendem bb, mas que não voltam o dinheiro para o esporte. Temos atletas de nome mundial: Sanderson Trevisan, Giovane Ferreira, Rogério Silva, Maria Alice, Suzane de Oliveira e Lorraine Lima, todos com muitos títulos e lotados de troféus. Temos tudo: garra, títulos, organização, mídia, um dos maiores mercados de compra e venda de bb do Brasil. Mas temos também exploradores do esporte, que não fazem nada para compensar o que ganham com a nossa mídia. Chegam ao ponto de dizer que vale mais a pena investir num outdoor do que no esporte, o mesmo que falou isto, foi o 2º maior vendedor de pranchas de bb do Brasil. Eu acho que eles deveriam abrir mão do mercado, já que acham que não dá retorno e deixar o mercado para aqueles que investem...Puxa, outro desabafo...foi mal!

Sabemos que vc tem uma escola de yoga, de que forma a Yoga pode ser integrada a outros esportes, como o bodyboard e o surf?
Pérola-Eu tive contato com o Yoga, em Florianópolis, através da Mormaii. Nós éramos preparados pelo Professor Marcos Schutz. Nossa turma de prática era formada pelo Teco Padaratz, Marco Pólo, Jaqueline Silva, Soraia Rocha, Guga Arruda que virou professor também, Tanio Barreto, Andréas Eduardo, ah, um monte de outros famosos. Eu morria de orgulho de estar naquela turma. Foram anos de práticas ao amanhecer...a galera não perdia nenhuma aula. Com eles aprendi que Yoga trás: concentração, energia positiva, flexibilidade, força, disciplina, ritmo, maior capacidade pulmonar, tranqüilidade, devoção, gratidão, auto-superação e o principal que é o auto-conhecimento!!! Como o Surf, o Yoga também é um estilo de vida e que pratica de verdade, faz 24 horas por dia com atitudes e pensamentos, e não só na hora da aula. Quando voltei do Hawaii, veio meu segundo filho, o Kalani, então tive que optar por uma outra profissão e fui fazer a faculdade de Yoga em Ponta Grossa. Continuo estudando Yoga, pratico todos os dias e tenho 60 alunos por semana. Agora eu formo instrutores de Yoga. Ensino para vários atletas que já puderam comprovar os resultados.

Manda seu recado p/ galera...
Pérola-Eu acho sinceramente que o que falta pra muita gente é ter um objetivo na vida, algo para se dedicar, para lutar. A prova disso que os países mais felizes do mundo são aqueles onde as pessoas precisam lutar e os que não tem pelo que lutar, são onde tem o maior índice de suicídio do mundo. Eu vejo a galera deixando de surfar pra se drogar. Isso é uma forma de suicídio também e é porque não tem nada melhor para fazer. Que tal correr atrás dos verdadeiros sonhos para começar? E que tal fazer do seu sonho, o sonho de mais gente...Namastê.

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