Confesso que a manchete acima tem o incrível poder de chamar a atenção, mas deve-se consumi-la com calma. É preciso esclarecer que o tubarão-branco, ainda que esteja envolvido em eventuais acidentes com o homem, não ataca embarcações deliberadamente.
Como grande oportunista que é, deve ter sido atraído pela movimentação e cheiros na água produzidos pela faina dos pescadores, como as iscas utilizadas e os peixes capturados, ou mesmo pelo sangue e outros fluidos dos peixes capturados que podem ficar impregnados no costado do barco no momento em que são dominados e embarcados. Nesse caso, uma mordida investigatória na embarcação pode até ter ocorrido, como é dito na reportagem, pois o tubarão-branco estaria apenas investigando e provando, com sua boca e dentes, a fonte dos sinais que o atraíram. Nada além disso.
Mergulho com tubarões ao redor do mundo, incluindo o grande tubarão-branco, com o objetivo de mostrar ser possível interagir de forma amistosa com esses seres fantásticos. E um dos objetivos é desmitificar e apagar a errônea imagem de “comedor de homens”, como a que foi imputada na década de 1970 ao tubarão-branco pelo blockbuster Tubarão. O filme passou a distorcida ideia de que o tubarão-branco é um animal perverso e sanguinário que tem o homem como alvo principal. A irreal imagem da vítima humana mastigada pelos enormes dentes triangulares foi tão forte e negativa que os tubarões-brancos ficaram estigmatizados no imaginário coletivo como os assassinos dos mares.
Mas pense bem. Atualmente, ocorrem no máximo 70 ataques de tubarão por ano no mundo todo. E desses, somente 6 são atribuídos aos grandes brancos. Estatísticas da FAO (órgão das Nações Unidas) estimam que mais de 100 milhões de tubarões são capturados e mortos anualmente em todos os oceanos. Quem são os verdadeiros assassinos dos mares?
Abaixo você poderá ver outro filme com imagens captadas por mim na ilha de Guadalupe (Pacífico), quando um grande tubarão-branco decidiu dar um show de interação.
É claro que você não encontrará esse filme divulgado nas primeiras páginas dos veículos de mídia online do mundo. E as razões são óbvias. Mostrar que os tubarões são animais calmos e previsíveis não dá Ibope!
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