quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Galeria - Trip ao Sul do Estado do Rio

Freesurfers pegam altas ondas em Martins de Sá e Praia do Sono. Marcelo Pinto relata a viagem e fala sobre a possível venda do local para uma multinacional portuguesa.

O crowd no Rio de Janeiro pode se tornar estressante em muitas ocasiões. As duas últimas semanas foram particularmente pesadas devido ao aumento na temperatura ambiente e as condições favoráveis aqui na Zona Sul. Felipe “Lepo” Silva e eu partimos para o Sul do estado em busca de paz. Cada um com sua mochila carregada de mantimentos, sua barraca e suas pranchas, percorremos uma hora de trilha após passar a noite em claro. Chegamos na praia do Sono na hora certa: tinha 1m de swell encostado, a lua estava cheia e era o meio da semana. A primeira impressão do mar até que foi boa.

Mesmo exausto da trilha eu montei minha barraca de qualquer jeito e corri pra água. Ser a única pessoa no outside é sempre um prazer. Lepo dormiu e foi surfar no fim de tarde. Já sem energia, eu fiz fotos dessa caída solo. Rendeu! Pra ser honesto eu fiquei impressionado com a estrutura da praia do Sono. Enquanto achei que acamparíamos no meio do mato com nada em volta, a verdade e que há uma variedade de campings no local, a maior parte deles quintais da casa de moradores. Alguns até oferecem refeições! Por mais que o preço seja Salgado por conta do transporte, o PF daqui já vale mais do que pesar a mochila com comida.

Separado por uma trilha de meia hora, o próximo pico ao Norte do Sono se chama Antigos. Surtamos lá duas vezes e pegamos altas ondas sem nenhum surfista a vista. A praia estava enfeitada com a enorme ossada de uma baleia que encalhou lá 2 semanas antes de nossa chegada. Só a cabeça era do tamanho de uma moto.

Após 4 dias na praia do sono, decidimos ir direto à Martins de Sá. Sabia decisão. Pegamos um barco e fomos de areia a areia, nada de trilha. Chegar a Martins e ser recebido pelo seu Maneco sem ter encarado a tão falada romaria vertical foi um alivio. O swell havia baixado, mas Martins ainda oferecia uma boa brincadeira. No mesmo camping que já comportou até 974 pessoas de uma só vez no réveillon passado, nos víamos dividindo aquela imensidão com apenas o nosso anfitrião e sua família. Nem vale a pena gastar linhas tentando descrever a beleza do lugar, só indo lá mesmo. Quem conhece sabe do que estou falando, há algo místico sobre esse trecho tão virgem da costa sul carioca.

Passamos seis dias surfando ondas limpas e vazias com apenas mais dois amigos que vieram nos encontrar.
Existe há algum tempo um boato sobre a possibilidade de Martins de Sá se tornar um resort de luxo. Preocupados, perguntamos sobre isso ao grande pai de Martins de Sá, o Seu Maneco.

A oferta é real. Uma multinacional portuguesa esta disposta a pagar virtualmente qualquer preço pelo direito de acabar com esse lugar. Tanto o pai quanto o avô de Seu Maneco viveram aqui ate que a velhice os levassem. Eles nunca precisaram de carro, médico ou nada do que a cidade oferece, e passaram adiante a sabedoria caiçara da convivência harmônica com o meio.

Mas a questão é que a cada ano o número de visitantes aumenta nesse pedaço de céu, levando Seu Maneco a considerar a hipótese de buscar em novos territórios seu amado sossego. Apesar de compreendermos a situação do Seu Maneco, nós, como qualquer outra pessoa que já passou por esse lugar, torcemos para que tudo continue exatamente como esta.

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